As pessoas estão cada vez mais exigentes, muito
provavelmente porque a cada dia a tecnologia oferece mais, em todos os
sentidos! No caso dos transportes, não poderia ser diferente, simplesmente
porque, sem querer menosprezar qualquer outra atividade, ir de um ponto a outro
é uma das ações mais importantes do ser humano.
O mundo é complexo, o Brasil possui hoje diversas regiões metropolitanas e
a tendência é que sejam cada vez maiores e mais numerosas havendo uma grande
necessidade de que a mobilidade aconteça de forma cada vez melhor, mais barata,
segura, confortável, eficiente e que preserve o meio ambiente.
Dentro desses cenários, um modal que vem se destacando em vários países é
o chamado Veículo Leve sobre Trilhos que não temos a pretensão de defini-lo,
mas acreditamos seja interessante dizer que no idioma inglês, para denominar
esse modal, temos pelo menos 4 palavras: “tram”, “tramway”, “light rail
vehicle” e “streetcar”. Tudo isso, em português, dizemos VLT, ou melhor,
Veículo Leve sobre Trilhos! Simplificamos demais? Acredito que não.
Talvez, sem querer, acertamos na mosca, pois conseguimos englobar numa
única expressão a maior de toda as qualidades do VLT que é a sua versatilidade.
O VLT é um trem de dimensões reduzidas, quando comparado ao Metrô, ou Trem
Urbano (Regional), e toda sua infraestrutura tende a acompanhar essa sua
simplicidade construtiva, que, se por um lado não consegue acompanhar os mesmos
volumes de passageiros de seus irmãos maiores, apresenta suas vantagens.
Em primeiro lugar, o VLT pode trafegar com toda tranquilidade no meio dos
demais veículos e, por ser guiado pelos trilhos, proporciona um nível de
segurança maior, pois, além de sua direção ser independente da habilidade do
condutor, sua infraestrutura orienta os demais motoristas aos cuidados que
devem ser tomados. Ao mesmo tempo, o VLT pode ser segregado, ou seja, podem
existir barreiras físicas que impedem que os demais veículos se aproximem dele,
inclusive, se necessário, com pequenos muros de concreto, garantindo assim, um
trafegar mais rápido e tranquilo tanto para o trem quanto para os demais
veículos.
Quando necessário, o VLT pode trafegar em túneis, fazendo então com que o
mesmo tenha uma segregação total, possibilitando velocidades, por exemplo, de
80 km/h ou até maiores! Da mesma forma, pode trafegar em elevados, oferecendo
aos projetistas a melhor escolha para transpor determinadas áreas. Para
completar, o VLT pode ser fabricado em diversas larguras, a partir de 2,30m (em
casos especiais, 2,15m) até 2,65m, e também diversos comprimentos, começando
com 18m até 72m (ou até maiores), atendendo assim uma grande variedade de
volumes de passageiros, ao mesmo tempo, com uma baixa ocupação do solo!
Como todo transporte sobre trilhos, possui um elevado nível de conforto,
principalmente pela estabilidade que o mesmo confere, e sendo de tração elétrica,
proporciona acelerações e frenagens adequadas a um trânsito rápido e eficiente,
mas também garantindo tranquilidade aos passageiros. Ainda dentro do quesito
conforto e versatilidade, temos mais uma qualidade do VLT que é a sua
acessibilidade: uma boa parte dos modernos VLTs possuem piso baixo,
possibilitando que o embarque e desembarque aconteçam de forma rápida,
tranquila e segura ao nível da calçada, ou, em determinadas situações, até
mesmo ao nível da rua, pois o VLT pode também trafegar a velocidades bastante
reduzidas, nas zonas de pedestres! Isso faz com que as paradas do VLT possam
acontecer em pontos estratégicos, proporcionando aos usuários um tempo
porta-a-porta altamente competitivo, inclusive em relação ao carro!
O VLT pode trafegar em leitos gramados, ou seja, os trilhos podem ser
assentados de maneira que possibilite o plantio de grama tanto no meio quanto
nas laterais, proporcionando um embelezamento ímpar em determinadas regiões,
particularmente quando existe um contraste entre o verde, o asfalto e o
concreto. Além disso, o leito gramado proporciona um aumento na permeabilidade
do solo, contribuindo com a redução dos efeitos das enchentes, reduz as ilhas
de calor possibilitando temperaturas mais agradáveis e um índice de umidade
mais adequado, além de colaborar com a redução da poluição causada por outros
veículos, funcionando como um depósito de partículas que ficariam suspensas, e
poderiam ser inaladas pelos frequentadores e habitantes daquela região.
Outra singularidade do VLT, é a possibilidade de diferentes designs, que
acabam caracterizando uma determinada cidade, fazendo com que ele muitas vezes
seja um símbolo, um “orgulho” para seus habitantes, que, em determinadas
situações, podem participar da escolha final do mesmo. Constata-se em diversas
cidades onde o VLT é utilizado, que ele é um meio de transporte de grande
atratividade, sendo o design, muito provavelmente, um dos fatores que pode
ajudar a “conquistar” novos passageiros! Em termos de sustentabilidade, o VLT
apresenta um altíssimo rendimento energético, pois sua leveza e modernidade,
aliadas a um grande desenvolvimento tecnológico, fazem com que relativamente
pouca quantidade de energia seja necessária para movimentar grande quantidade
de passageiros, e, por ser elétrico, o mesmo é isento de poluição.
Vale ressaltar que o contato roda de aço x trilho é muito mais eficiente
que o pneu x asfalto, e a geração da eletricidade que o mesmo irá consumir,
poderá vir de fontes não poluentes como a eólica e a solar. O VLT moderno é um
sistema de transporte extremamente importante para a atualidade das cidades de
médio e grande porte, que precisa ser analisado cuidadosamente e com a devida
profundidade nos projetos de corredores de transportes, pois, em muitas
situações, quando toda a sua potencialidade for considerada, como podemos
observar ao redor do mundo, deverá ser o melhor custo x benefício.
Este artigo foi originalmente publicado
no site da AEAMESP, em 14/06/2018.
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