terça-feira, 30 de junho de 2020

O custo da mobilidade urbana na pandemia

A pandemia vem mudando drasticamente o cotidiano das cidades, principalmente no tocante à circulação e mobilidade das pessoas. As recomendações das instituições sanitárias orientam evitar o contato social e aglomerações, o que impacta diretamente o transporte público. Com redução de aproximadamente 80% de passageiros e sem perspectiva de retomada da demanda, os modos de alta capacidade enfrentam um cenário de dificuldade financeira inimaginável, colocando em risco o equilíbrio econômico de seus operadores e a continuidade de um serviço essencial.
O cenário demanda atuação governamental imediata, com criação de novas fontes de recursos para o sistema. O setor precisa de auxílio financeiro emergencial para a sua subsistência. Neste artigo, propomos a adoção de uma política pública de financiamento do transporte coletivo por meio de contribuições pequenas de toda a sociedade, nos moldes do que tem sido feito em diversos países do mundo — passa a ser uma prioridade para a mobilidade urbana.
Dados da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) mostram que quase 90% da receita destinada ao transporte público brasileiro vêm das tarifas, enquanto os demais 10% se referem majoritariamente a subsídios governamentais. É dever do governo equilibrar essa balança, oferecendo meios para que a conta seja dividida com toda a sociedade, buscando sempre a acessibilidade para os cidadãos e a viabilidade da operação. Alternativas de angariação de recursos já são aplicadas em grandes cidades. Na Carolina do Sul e no Oregon, nos EUA, e em Bogotá, na Colômbia, há taxações de combustíveis fósseis destinadas especificamente ao transporte coletivo. Em Iowa e Califórnia, nos EUA, e em Toronto e Montreal, no Canadá, uma taxa extra é cobrada no licenciamento de veículos (similar ao IPVA) e subsidia os serviços públicos de mobilidade. Barcelona e Nova York destinam parte dos impostos sobre propriedades para o financiamento do transporte público.
O déficit operacional e financeiro que será imposto aos operadores de transporte brasileiros durante e após a pandemia e a necessidade da manutenção da qualidade dos serviços devem acelerar a introdução de novas políticas de subsídio, a fim de garantir a subsistência dos sistemas de transporte público. Em abril, os transportes sobre trilhos do Rio de Janeiro (MetrôRio, SuperVia e VLT) apresentaram, conjuntamente, prejuízos de R$ 110 milhões. Com a continuidade das medidas de isolamento, essa perda tende a aumentar, possivelmente inviabilizando a sobrevivência do setor sem que haja outras fontes de receita.
Para efeito de comparação, caso fosse criado um imposto sobre a venda de gasolina de 2% do preço final ao consumidor (aproximadamente R$ 0,08 por litro) e, também, 2% dos montantes arrecadados com o IPTU e o IPVA fossem destinados ao transporte público, seriam arrecadados, por ano, cerca de R$ 308 milhões. Esse recurso poderia ajudar o setor a sobreviver, no curto prazo, e significaria a possibilidade de maior investimento num segundo momento. Logo, é de vital importância para a sustentabilidade dos sistemas de transportes que haja auxílio por parte do poder público. Fontes de financiamento alternativo serviriam não somente para equalizar as contas no curto prazo, mas também como mecanismos ad aeternum de incentivo à mobilidade eficiente, integrada e acessível nas cidades brasileiras.

Autor: Joubert Fortes Flores Filho, Presidente do Conselho da ANPTrilhos
Artigo publicado no Jornal O Globo, no dia 13 de junho de 2020.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Ferroeste: conselho dá parecer favorável à privatização


O Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos deu parecer favorável à qualificação para privatização da Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A. (Ferroeste), no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Caberá agora ao presidente da República, Jair Bolsonaro, decidir se acata ou não o parecer.
O pedido de inclusão da ferrovia no PPI foi feito pelo governo do Paraná. Caso o presidente referende a decisão do conselho, o próximo passo é a formação de um comitê para acompanhar a execução do projeto em todas as etapas para sua implementação.

O comitê é constituído por um representante do Ministério da Economia, por meio da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos, que o coordenará; um representante do Ministério da Infraestrutura; um representante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); e dois representantes indicados pelo governo do Paraná.
O prazo para conclusão dos trabalhos é de 360 dias a partir da publicação do ato normativo de sua criação, prorrogáveis por igual período se necessário. A expectativa é que a ferrovia seja leiloada na B3, até o final de 2021.
De acordo com a resolução do PPI, privatização da ferrovia visa reduzir o papel do Estado em atividades econômicas e faz “parte de uma estratégia de ampliação da malha ferroviária de interesse do estado do Paraná e da União”.
Criada em 1988, a malha da Ferroeste interliga os municípios paranaenses de Cascavel e Guarapuava. Em 2016, foi aprovada a sua extensão até Dourados (MS).
A ferrovia chegou a ser privatizada em 1996, durante a gestão do governador Jaime Lerner. Mas após o consórcio operador da ferrovia deixar de pagar as parcelas do contrato de concessão e de fazer os investimentos estabelecidos no acordo, o controle da ferrovia foi retomado pelo estado durante a gestão do governador Roberto Requião, em 2006.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Russos querem construir trens de alta velocidade que operem a 400km/h

Uma parceria entre a Russian Railways, o Centro de Engenharia para Transporte Ferroviário e Knorr-Bremse busca desenvolver trens de alta velocidade que ligariam as maiores cidades do país com velocidades de até 400 km/h. A expectativa é que o primeiro comboio veloz possa entrar em serviço em 2026.
O consórcio contempla a prestação de serviços de engenharia, consultoria e design e o desenvolvimento de documentação operacional para o material rodante de alta velocidade e sua produção no próprio país.
Empresas como a Sinara Transport e Siemens Mobility estão envolvidas no projeto, com o objetivo de desenvolver uma composição de trens capaz de atingir as velocidades maiores que as linhas rápidas na Europa.
Parte da empresas já possuem experiência no modal veloz, como a Knorr-Bremse, integrante do programa, que forneceu subsistemas para os 16 trens em parceria com a Siemens, que atualmente operam serviços entre Moscou e São Petersburgo e Nizhny Novgorod, com velocidades de até 250 km/h, e mais 13 desses trens deste tipo estão encomendados.
Fonte: Viatrolebus, 25/06/2020

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Bondinho de Santa Teresa volta a circular

A operação do sistema de bondes de Santa Teresa foi retomada seguindo protocolos definidos pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde. As regras para a volta ao funcionamento foram publicadas nesta quarta-feira (24) no Diário Oficial do estado e passam a valer desde já.

Inicialmente, o funcionamento vai ocorrer de segunda a domingo, das 10h às 16h, mas o horário poderá ser prolongado, de acordo com a demanda. As viagens vão ocorrer a cada hora, intercalando os trajetos entre Carioca - Largo dos Guimarães e Carioca - Dois Irmãos.

A lotação máxima permitida em cada bonde será de 16 passageiros, ou seja, com 50% da capacidade. O uso de máscara de proteção é obrigatório. O transporte deve oferecer álcool em gel 70% aos passageiros nas dependências do veículo.

A Estação Carioca contará com um box para desinfecção viral. A estrutura dispõe de um sensor de presença, que aciona borrifadores com uma solução antisséptica, do pescoço para baixo, para não prejudicar olhos e ouvidos e sem a necessidade de que o passageiro precise retirar a máscara de proteção durante o processo de desinfecção.

Fonte: G1, 24/06/2020

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Ferrovia que vai ligar Paraná ao Mato Grosso do Sul deve ser assinado em julho

O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) que integra o processo de licitação para a construção do trecho ferroviário que irá interligar o município de Maracaju à cidade de Cascavel (PR) deve ser assinado nos próximos 30 dias pelos governos do Paraná e de Mato Grosso do Sul.

A informação foi dada na tarde de segunda-feira (15) ao secretário Jaime Verruck, da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro) durante a primeira reunião de trabalho após o anúncio da qualificação do projeto no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) realizado pelo Ministério da Economia e que deve acelerar o processo de desestatização da Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A. (Ferroeste).
Conforme Verruck, a partir de agora, o governo federal passa a auxiliar o governo paranaense com apoio técnico regulatório necessário para a elaboração do edital de licitação, sendo que o primeiro passo é o EVTEA. “Mato Grosso do Sul será diretamente beneficiado já que será construído um ramal de extensão até Maracaju abrindo novo canal de escoamento de soja, etanol e outros produtos até o Porto de Paranaguá. Essa é uma obra de extrema relevância, pois vai oferecer uma alternativa logística mais competitiva para o escoamento da produção do nosso agronegócio. A qualificação do projeto no âmbito da PPI é extremamente importante para atrair investidores”, comentou.
De acordo com o secretário da Casa Civil do Governo do Paraná, Luiz Antonio Fagundes , o EVTEA já foi licitado e contratado pelo Governo do Paraná, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A perspectiva é de que nos próximos 30 dias ocorra a assinatura com a empresa ganhadora.
Segundo o diretor-presidente da Ferroeste, André Gonçalves, a Ferroeste, no trecho de 248 km entre Guarapuava (PR) a Cascavel (PR), bateu recorde de operação neste ano. “O foco é fazer chegar até o Porto de Paranaguá e interligar Maracaju nesse percurso”, acrescentou.
Ainda de acordo com Jaime Verruck., o passo seguinte será o início da elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). “O EIA-RIMA é de competência do Ibama pois trata-se de uma obra com impacto em dois estados no Rio Paraná, que é da jurisdição da União. Esperamos que seja estabelecido um termo de referência pelo Ibama, mas os órgãos ambientais dos estados vão ficar à disposição para apoiar.
A expectativa, de acordo com o titular da Semagro é de que o leilão da Ferroeste ocorra e seja concluído até o final de 2021. “Já existe uma concessão vigente para essa ferrovia, que vai até 2079. Há uma estimativa inicial de investimento total na ordem de R$ 8 bilhões, sendo que cerca de R$ 3 bilhões voltados para as obras no percurso dentro de Mato Grosso do Sul, o que daria uma perspectiva de mais de mil empregos no período de construção. É uma obra fundamental para o Estado”, finalizou o secretário.
Fonte: G1, 17/06/2020

Alstom implementa serviço de suporte ao Centro de Controle de Operações nas linhas 1, 2 e 4 do MetrôRio

A Alstom deu início ao serviço de suporte remoto para o Centro de Controle Operacional (CCO) das linhas 1, 2 e 4 do MetrôRio. A adesão ao serviço após o período de garantia do projeto é uma iniciativa importante e inédita no contexto atual do Brasil. A ferramenta hotline, uma linha dedicada ao suporte técnico ao cliente, em horário comercial, possibilita o recebimento de orientações técnicas a distância, proporcionando maior agilidade.
“Com a inserção do novo serviço inteligente, as linhas 1, 2 e 4 agora contam com uma melhoria significativa para a equipe técnica dos trens, que terão mais rapidez para sanar dúvidas sobre operações de manutenção”, explica Luciano Barbieri, Vice-presidente de Digital Mobility (ADM) da Alstom na América Latina. Diante do cenário atual onde há recomendação de isolamento social, a implementação do suporte remoto contribui na resolução de dúvidas pelo telefone, reduzindo a necessidade de deslocamento de um técnico até o local e aumentando a eficiência no reestabelecimento dos serviços.
O contrato referente ao suporte remoto com o MetrôRio, é válido por dois anos. A contratação do serviço pós-garantia é inédito no Brasil e para a área de ADM na América Latina. Para o projeto – que contemplou em uma etapa anterior o fornecimento do sistema de sinalização iMux, 100% concebida, projetada e fabricada pela Alstom Brasil –, a empresa contou com a solução Iconis para monitoramento e controle de toda a rede, já usada em mais de 20 países em todo o mundo.
Fonte: Alstom, 15/06/2020 

Mudanças no transporte coletivo aumentaram risco de contágio dos grupos mais vulneráveis à covid-19

Estudo produzido pela Rede de Pesquisa Solidária mostra que as mudanças operacionais realizadas pelos governos estaduais e municipais no transporte público, como redução na circulação de ônibus, trens e metrô, não acompanharam adequadamente a demanda e aumentaram as lotações dos transportes públicos particularmente nas periferias de grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, o que aumentou o risco de contágio da covid-19. 

Na capital paulista, as linhas da região central tiveram redução de 68% de passageiros e de 61,3% no número de ônibus circulando, ao passo que na região leste, a demanda se reduziu em cerca de 5% a menos do que na região central (63,6%), mas a redução da oferta de ônibus não acompanhou essa diferença, sendo mantida em 61,6%. Assim, o estudo conclui que as desigualdades relacionadas ao transporte público aumentaram em razão das medidas adotadas pelos gestores durante a pandemia.

As conclusões do trabalho estão reunidas em uma nota técnica publicada pela Rede de Pesquisa Solidária. O estudo foi coordenado por Mariana Giannotti, pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e professora da Escola Politécnica (Poli), e teve participação dos pesquisadores Tainá Bittencourt e Pedro Logiodice, ambos da Poli e do CEM. O centro é um dos integrantes da rede, que reúne mais de 40 pesquisadores para analisar a eficácia e sugerir aperfeiçoamentos das políticas públicas para o enfrentamento da covid-19. 

"Além de não reduzirem as taxas de lotação observadas nos anos anteriores, no sentido de diminuir a exposição e contaminação nos trajetos, [as mudanças] geraram muitas vezes condições ainda piores do que antes da pandemia", destacam os autores.

De acordo com a pesquisa, as alterações feitas no sistema de transporte durante a pandemia elevaram em até 80% a frequência nas estações nas regiões periféricas.

"A redução da circulação de ônibus, que pode fazer algum sentido do ponto de vista financeiro, provoca lotações, aglomerações e aumenta, assim, o risco de contágio da população. As desigualdades sociais e de raça nos deslocamentos urbanos aumentam o risco de contágio em moradores das periferias." 

Com base no observado pelos pesquisadores, e considerando o cenário de retomada das atividades não essenciais, eles sugerem medidas para redução dos riscos, como a utilização de veículos adicionais em trechos de maior lotação, somados a veículos expressos e diretos entre grandes terminais e polos de origem e destino de viagens.

 "Isso pode criar pontos de alívio e reduzir os custos associados ao maior número de veículos em operação", destacam.

O reforço de linhas locais e capilares que conectam as diferentes áreas da cidade às linhas estruturais de transporte público de média e alta capacidade também pode contribuir para reduzir a pressão por mais ônibus e aumentar a frequência do serviço. 

"O estudo indica que é importante olhar a cidade como um todo, mas não apenas de forma agregada. As ações devem considerar as diferenças presentes no território para atuar de forma condizente à realidade de cada região, em busca de minimizar o impacto das desigualdades socioespaciais", afirma a professora Mariana Giannotti.

Demanda e oferta

As políticas de isolamento restritivas adotadas em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro reduziram a frequência aos locais de trabalho, ambientes de lazer e uso dos transportes públicos. Com isso, várias cidades diminuíram a oferta de ônibus, trens e metrôs. Mais de 300 linhas foram suspensas na Grande São Paulo e quase 600 na Grande Rio, por exemplo. Contudo, a demanda e a oferta reduziram em diferentes proporções e de forma não homogênea pelas cidades e uma grande parte das linhas de ônibus que teve aumento da demanda atende a periferia, cuja população enfrenta condições de trabalho mais precárias, recebe menor remuneração e se desloca por mais tempo e em piores condições.

Nas regiões mais afastadas, a lotação dos ônibus se mantém muito próxima dos já altos níveis observados antes da pandemia, o que contribui para a disseminação do vírus e aumenta as desigualdades entre as regiões e populações.

 "Nesse cenário, em que a redução da oferta é proporcional à redução da demanda, a lotação estimada para grande parte das linhas periféricas seria maior do que seis passageiros por metro quadrado, o que corresponde a uma distância entre pessoas muito menor do que os dois metros recomendados pelas agências e organizações de saúde, resultando em altíssimo risco de contaminação pelo vírus", alertam.

A suspensão de rotas e redução da frequência, aliadas às restrições ao tráfego de veículos, provocaram a migração dos passageiros para outros modos de transporte que continuaram operando, como o metroferroviário.

 "A frequência às estações de metrô e trem em São Paulo e Rio de Janeiro no início de maio, por exemplo, estava em 30% do usual nas regiões centrais, onde as condições sociais para o isolamento social são maiores. Nas regiões periféricas, a demanda seguiu os padrões anteriores à pandemia e, em alguns casos, chegou a ser até 80% maior", contabilizam no estudo.

Reduzindo a desigualdadeCom base nesse cenário, os pesquisadores propuseram medidas que podem reduzir as desigualdades relacionadas ao transporte, apresentando simulações do impacto de diferentes cenários de isolamento social para a cidade de São Paulo. Na simulação com operação total da frota, o risco de contaminação causada pela aglomeração nos deslocamentos com transporte público é consideravelmente reduzido com as políticas de isolamento social.

Com taxa de isolamento médio de 45% e a premissa de disponibilidade de assentos para todos os usuários (sem aglomerações no corredor dos veículos), a recomendação é de aumento da oferta de ônibus em circulação em relação à operação anterior à pandemia, de modo a garantir deslocamentos mais seguros em termos do risco de contaminação. No centro, a frota poderia ser reduzida a níveis mais baixos, porém deveria manter a garantia de uma frequência horária mínima.

Na simulação de um quadro pós-isolamento social e com a retomada de 100% dos deslocamentos, foi adotado como critério a taxa de lotação máxima de dois passageiros por metro quadrado para garantir algum espaço entre passageiros em pé. Nesse cenário se repete a recomendação dada para o cenário anterior, mas grande parte das linhas que servem as regiões periféricas teria que receber mais do que o dobro do número de veículos que operam usualmente, ou contar com alternativas complementares de transportes como vans ou similares.

A Rede de Pesquisa Solidária é uma iniciativa de pesquisadores para calibrar o foco e aperfeiçoar a qualidade das políticas públicas dos governos federal, estaduais e municipais que procuram atuar em meio à crise da covid-19 para salvar vidas. O alvo é melhorar o debate e o trabalho de gestores públicos, autoridades, congressistas, imprensa, comunidade acadêmica e empresários, todos preocupados com as ações concretas que têm impacto na vida da população. Trabalhando na intersecção das Humanidades com as áreas de Exatas e Biológicas, trata-se de uma rede multidisciplinar e multi-institucional que está em contato com centros de excelência no exterior, como as Universidades de Oxford e Chicago.

A coordenação científica está com a professora Lorena Barberia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. No comitê de coordenação estão: Glauco Arbix (FFLCH e Observatório da Inovação), João Paulo Veiga (FFLCH), Graziela Castello, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), Fábio Senne (Nic.br) e José Eduardo Krieger, do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). O comitê de coordenação representa quatro instituições de apoio: o Cebrap, o Observatório da Inovação, o Nic.br e o Incor. 

A divulgação dos resultados das atividades será feita semanalmente através de um boletim, elaborado por Glauco Arbix, João Paulo Veiga e Lorena Barberia. São mais de 40 pesquisadores e várias instituições de apoio que sustentam as pesquisas voltadas para acompanhar, comparar e analisar as políticas públicas que o governo federal e os Estados tomam diante da crise.

Licitação de ferrovia que ligará MS ao PR deve ser assinada no próximo mês

O município de Maracaju pode ganhar uma ferrovia de ligação à cidade de Cascavel (PR). O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) que integra o processo de licitação para a construção do trecho deve ser assinado nos próximos 30 dias pelo Governo do Paraná.

A obra vai oferecer uma alternativa logística para o escoamento da produção do agronegócio do Estado. O secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) explicou que o projeto vai receber qualificação no âmbito do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), o que pode atrair investidores e acelerar o processo de desestatização da Ferroeste (Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A.).

A expectativa, de acordo com o secretário, é de que o leilão da Ferroeste ocorra e seja concluído até o final de 2021. Já existe uma concessão vigente para essa ferrovia, que vai até 2079. Há uma estimativa inicial de investimento total na ordem de R$ 8 bilhões, sendo que cerca de R$ 3 bilhões voltados para as obras no percurso dentro de Mato Grosso do Sul, o que daria uma perspectiva de mais de 1000 empregos no período de construção. É uma obra fundamental para o Estado, afirmou o secretário.

A partir de agora, o governo federal passa a auxiliar o governo paranaense com apoio técnico regulatório necessário para a elaboração do edital de licitação. Mato Grosso do Sul será diretamente beneficiado já que será construído um ramal de extensão até Maracaju abrindo novo canal de escoamento de soja, etanol e outros produtos até o Porto de Paranaguá, explicou Jaime Verruck.

O EVTEA vai estabelecer rotas adequadas, restrições, investimentos necessários e a viabilidade econômica. Fundamental para o estudo ficar 'de pé' sob o ponto de vista de sua estruturação financeira, afirmou o titular da Semagro.

O passo seguinte será o início da elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). O EIA-RIMA é de competência do Ibama pois trata-se de uma obra com impacto em dois estados no Rio Paraná, que é da jurisdição da União. Esperamos que seja estabelecido um termo de referência pelo Ibama, mas os órgãos ambientais dos estados vão ficar à disposição para apoiar. Será um trabalho concomitante ao EVTEA, informou Verruck.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Brasil precisa de "choque de qualidade" em infraestrutura, diz representante do BID

O representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Morgan Doyle disse nesta segunda-feira que é preciso haver um "choque de qualidade" nos projetos de infraestrutura brasileiros, além de uma revisão de critérios financeiros para viabilizá-los no contexto pós-pandemia.

As afirmações foram feitas em seminário on-line organizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Apenas 13% das concessões e PPPs [parcerias público-privadas] que começaram a ser preparadas em 2012 alcançaram fechamento financeiro. Isso coloca a necessidade de um pipeline mais preciso. Dos 1.500 projetos iniciados entre 2014 e 2019, só 130 se transformaram em projetos assinados", disse Doyle.

"É preciso um choque de eficiência nos projetos para reduzir riscos nas operações e garantir a geração de empregos na retomada", completou.

Segundo ele, se antes da pandemia já estava clara a necessidade de se aumentar a taxa de investimento em infraestrutura e inovação no Brasil, isso fica mais evidente agora.
Doyle afirmou, porém, que esse incremento não pode ser feito apenas por meio de estruturas estatais como o BNDES, mas por meio da iniciativa privada e bancos multilaterais como o próprio BID.

"Enquanto alguns países grandes como a China investem US$ 500 bilhões [por ano em infraestrutura], o Brasil ainda está US$ 55 bilhões, no ano passado isso foi 1,8% do PIB. No momento em que o coronavírus afetou o mercado de trabalho, isso coloca a necessidade urgente de incrementar o investimento. Mas não pode ser só nas costas do investimento público", afirmou.

De acordo com o executivo, o Brasil tem a participação expressiva na carteira do BID para América Latina e Caribe, mas na comparação com o mundo, tem só 2% do total de empréstimos.

terça-feira, 16 de junho de 2020

Mudando de Rota


Vamos reverter a situação !
Vamos nos animar...
Fazer dentro de nós uma revolução.
Criar ideias, nelas nos aprofundar e as praticar.
Valendo tudo, sempre com emoção.
Ler, ver lives, palavras cruzadas, meditar...
Pensar em coisas alegres, diversão...
Pegar o telefone, o whatsapp, discar
E com os amigos se comunicar !
Acreditar que estamos a viver uma ilusão...
Que brevemente irá passar,
E que brevemente poderemos nos encontrar...
Tornar a viver a vida sem apreensão...
Nos libertemos desse mal estar...
Tudo voltará a se normalizar...
Aproveitemo-nos desta lição,
Para rever o nosso modo de atuar...
Procuremos detalhes valorizar,
Expandir os limites da nossa compreensão,
Às opiniões dos contrários respeitar,
Agir buscando harmonia e procurando dar um tom
Para que nossas palavras reflitam o amor
Que está dentro do nosso coração.

Associado, eng. Maurício F G de Souza       16/junho/2020       tempo de pandemia

sexta-feira, 12 de junho de 2020

MRS Logística oferta vagas de emprego em Minas Gerais

A MRS Logística, operadora ferroviária de carga que administra uma malha de 1.643 km nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, está com oportunidades abertas para atuação nos municípios de Conselheiro Lafaiete e Juiz de Fora, ambos localizadas em Minas Gerais.
As vagas disponíveis são para exercer as funções de Mantenedor de Via, que trabalhará no setor responsável pela manutenção da via permanente, garantindo passagem segura para os trens da MRS. Há também oportunidades para Técnico Operador Mantenedor de Via, Assistente Operacional de Via (PCD) e Mantenedor Eletricista.
Como se candidatar nas vagas da MRS LogísticaOs interessados tem até o dia 21 de junho para manifestar interesse. Para se candidatar, é necessário entrar na área de Trabalhe Conosco no site da MRS Logística. Você pode ser redirecionado até o site da candidatura clicando aqui. Para todas as vagas será dada a prioridade a pessoas com deficiência e reabilitados do INSS, respeitando os requisitos mínimos para o desempenho de cada função.
Os profissionais contratados pela MRS Logística receberão, além da remuneração mensal do cargo, assistência médica, assistência odontológica,  Participação nos Lucros ou Resultados, previdência privada, programa de treinamentos, seguro de vida, vale alimentação, vale-refeição e vale-transporte.


terça-feira, 9 de junho de 2020

SuperVia altera circulação de trens e transforma ramal Santa Cruz em parador

Concessionária diz que mudanças serão avaliadas para a possibilidade da operação se tornar permanente




Rio - Durante décadas o carioca pede por uma reformulação no sistema de trens da SuperVia. Entre as maiores reclamações dos passageiros estão os intermináveis atrasos, o sistema de sinalização, a falta de conforto e as viagens longas. Em 2020, a concessionária decidiu começar uma mudança que promete deixar tudo isso para trás. A partir de segunda-feira o ramal Santa Cruz deixou de fazer o serviço expresso e realiza, a partir de agora, apenas a operação parador desde a estação final até a Central do Brasil.
A alteração no percurso é feita com a descontinuidade do ramal Deodoro e, com isso, a linha que atende à Zona Oeste opera também para passageiros da Zona Norte. A SuperVia decidiu continuar com o serviço expresso apenas para quem utiliza o ramal Japeri, que vai para a Baixada Fluminense. Este segue com o percurso habitual, parando apenas nas estações São Cristóvão, Maracanã, Engenho de Dentro e Madureira, antes de Deodoro. A passagem segue com o valor de R$4,70.
Ambos os ramais, Santa Cruz e Japeri, têm históricos de superlotação, mas de acordo com a concessionária, a exclusão do ramal Deodoro é feita para que as composições não precisem mais aguardar pela sinalização para seguir com as viagens, já que não irão mais dividir o mesmo trilho. A informação dividiu opiniões nas redes sociais e usuários que precisaram do trem esta segunda-feira reclamaram que a mudança trouxe ainda mais atrasos para a operação do ramal Santa Cruz.
O professor Diogo Lirio, de 29 anos, mora em Paciência, na Zona Oeste, duas estações antes de Santa Cruz. Ele tem ido para o Centro do Rio apenas às segundas-feiras e conta que além dos trens estarem mais cheios, mais pessoas não estavam com máscaras e que o tempo de viagem aumentou em 20 minutos. Na opinião de Diogo, a mudança afasta o morador da Zona Oeste não só para trabalhar como para acompanhar o ritmo do Centro e consumir cultura.
"O transporte público na Zona Oeste é lamentável, muitas vezes só sobra o trem como opção. Essa mudança deixa a viagem bem desconfortável visto que tenho que ir em pé e ainda enfrentar um tempo maior. O ramal de Deodoro acabou e Santa Cruz está atendendo a demanda dos dois sem botar trens a mais e com o mesmo intervalo entre eles", disse.
Em contrapartida, alguns usuários aprovaram, mas mesmo assim, apontaram erros na operação. Mateus Braga, de 23 anos, disse que a viagem entre Santíssimo, na Zona Oeste e Madureira, na Zona Norte, ficou mais curta, mas que ainda é cedo para ter uma análise completa.
"Isso me favoreceu porque o trem parador que sai de Campo Grande vem bem vazio e eu não demoro tanto até a minha estação. Mas, olhando como um todo, aqueles que pegam saindo de Santa Cruz, sentiram muita diferença, pois, este sim, está indo muito cheio. Tão cheio quanto dias normais antes da pandemia. E em tempos de coronavírus fica inviável entrar num trem tão cheio assim", comentou.
O pesquisador da Casa Fluminense, Guilherme Braga, diz que a SuperVia não apresentou nenhum documento técnico e que os informativos divulgados pela empresa não são totalmente claros, além da mudança ter sido divulgada com pouco tempo hábil para que todos os passageiros tenham ciência da situação.
"O vídeo apresentado no site cita apenas alguns motivos que justificariam a mudança. No entanto, não há a comparação de intervalos previstos no pré e pós-mudança, assim como a SuperVia não apresenta uma previsão de oferta de lugares por sentido nem uma estimativa de tempo de viagem", explica.
Guilherme lembra que quando os 40 trens chineses foram tirados de circulação, o aviso também foi divulgado um dia antes da mudança.
"É muito ruim que duas notícias que causam tanto impacto tenham sido informadas tão em cima da hora, sem tempo para reação da sociedade civil e da própria imprensa. É possível supor que a SuperVia já tinha essas alterações planejadas com mais antecedência, pois não são mudanças pontuais. Causa incômodo o fato delas terem sido comunicadas tão em cima da hora", completou.
A SuperVia alega que todas as alterações serão estudadas em prática e caso funcionem, elas poderão ficar de maneira permanente. Guilherme diz que o isolamento social e a grande da parte da população que segue em casa alteram a percepção da demanda pelos trens e que qualquer avaliação feita neste período, do ponto de vista científico, estará comprometida.
"Nós sabemos que as atividades ainda estão sendo retomadas, que muita gente já está usando os trens para ir ao trabalho, mas o fluxo ainda não é o mesmo do período pré-coronavírus. As próprias concessionárias de transporte fazem questão de ressaltar que o movimento atual não é o mesmo de antes, quando apresentam suas queixas sobre queda de receita", detalha.
Ação coletiva
Uma Ação Popular foi aberta nesta terça-feira, na 13° Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro por Victor Almeida, conhecido por administrar a página "Suburbano da Depressão". Ele pede que a Justiça tome providências contra a integração do ramal Deodoro ao ramal Santa Cruz e explicações à Supervia sobre a mudança.
Ele divulgou um abaixo-assinado para que a ação pressione os magistrados que irão analisar o pedido.
Fonte: O Dia, 09/06/2020

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Metrofor doará trens da frota antiga à CBTU

A Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos – Metrofor doará 3 locomotivas a diesel e 30 vagões de passageiros, modelo Pidner, que não são mais compatíveis para uso no sistema metroviário do Ceará. Os trens serão doados para a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, que ainda possui sistemas de transporte compatíveis com os modelos disponibilizados pelo Metrofor. A mensagem nº 8515, de 15 de maio de 2020, de autoria do Governador do Ceará, Camilo Santana, que autoriza a doação, foi aprovada nesta quarta-feira (3/6) pela Assembleia Legislativa.
O Metrofor optou pela doação da frota antiga à empresa estatal, devido à modernização das linhas de transporte sobre trilhos no Ceará, nos últimos anos, e à aquisição de trens mais modernos – que estão em uso atualmente. Dessa forma, a Companhia dá utilidade ao patrimônio público e continua beneficiando a população, ao tempo em que reforça a parceria com a CBTU e o próprio MDR.
A frota que será doada possui piso de PVC e bancos com assentos individuais. Os trens também possuem ar-condicionado, iluminação e revestimentos interno e externo compostos por fibra de vidro e materiais em plástico de alta resistência, que protegem as estruturas mais sensíveis dos veículos.
Sobre a frota do Metrofor
As cinco linhas operadas atualmente pelo Metrofor circulam com Unidades de Trens Elétrico (TUEs) – no caso da Linha Sul – e Veículos Leve sobre Trilhos (VLTs) – no caso das linhas Oeste, Parangaba-Mucuripe, Cariri e Sobral. Os atuais modelos demandam menores custos de utilização – menor consumo de combustível, por exemplo. A frota total no estado é de 25 TUEs e 21 VLTs.
03/06/2020 – Cia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor)

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Ferroeste ultrapassa marca de mil contêineres transportados

A Ferroeste (Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A.) transportou, em maio, 1.001 contêineres refrigerados até o Porto de Paranaguá, a maior carga de sua história e a primeira vez que a empresa ultrapassou a marca de mil unidades. Foram carregadas aproximadamente 30 mil toneladas de proteína animal congelada no terminal intermodal de Cascavel, no Oeste do Estado, volume 23% maior do transportado em maio do ano passado.

A quantidade também superou o último recorde de movimentação de contêineres pela Ferroeste, que tinha sido atingido em janeiro deste ano, com 946 unidades carregadas. A empresa, que opera a malha ferroviária entre Cascavel e Guarapuava, tem alcançado bons resultados logísticos e fechou o primeiro quadrimestre de 2020 com lucro de R$ 1,66 milhão, o maior de sua história para o período.

Assim como a ampliação da capacidade de escoamento da safra de grãos, o aumento no carregamento de contêineres que saem de Cascavel com destino ao Porto de Paranaguá é resultado de um acordo firmado pela Ferroeste com a Rumo Logística, que reduziu o tempo de trânsito dos trens pelo modal. O transporte de contêineres também inclui a empresa Brado Logística, responsável pela gestão dos contratos com as cooperativas produtoras.
Para o presidente da Ferroeste, André Gonçalves, a maior agilidade nas operações da empresa diminui os custos da produção paranaense. A nossa missão é atender de forma mais eficiente o setor produtivo, aumentando gradativamente o escoamento pelo modal ferroviário, com ganho de tempo e de economicidade no valor do frete, afirma.

O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, também destacou o ganho de eficiência da Ferroeste desde o ano passado. A nova gestão da Ferroeste focou na eficiência e acumula números positivos e recordes históricos, disse. Segundo ele, depois de praticamente três décadas, a empresa passou a ter números no azul e fez grandes movimentações nos primeiros meses do ano. O transporte de mais de mil contêineres é mais uma prova da eficiência de uma gestão comprometida com o setor produtivo paranaense, afirma.

EFICIÊNCIA - Em fevereiro deste ano, a Ferroeste e a Rumo formalizaram o Contrato de Operações Específicas (COE), um acordo que permite que as duas empresas compartilhem cargas que saem da Região Oeste em direção a Paranaguá. A negociação possibilita à Rumo, que opera a malha de Guarapuava até Paranaguá, a entrar no trecho da Ferroeste (Cascavel-Guarapuava), inclusive com reforço de maquinário.
O acordo trouxe mais eficiência na logística, já que não é mais necessário transferir a carga de uma empresa para outra, explica o diretor de Operações da Ferroeste, Gerson Almeida. Houve um ganho de capacidade que melhora o escoamento da produção. Com esta operação mais robusta, ganhamos cada vez mais confiança das cooperativas agroindustriais da região Oeste, afirmou.

O diferencial é ainda maior com as cargas perecíveis, como as proteínas animais. Os contêineres precisam ficar refrigerados a uma temperatura aproximada de -20ºC. Para manter as baixas temperaturas, eles passam por um processo chamado de tomada de frio: são 24 horas ligados na tomada no terminal da Cotriguaçu, em Cascavel, antes de serem despachados a Guarapuava, onde ficam por mais 12h refrigerando, para então seguir para Paranaguá. O tempo de toda essa operação reduziu em 30%. O que antes poderia levar até 12 dias, hoje é transportado em sete ou oito dias, explicou Almeida.

COOPERATIVAS - A maior parte das cargas transportadas nos contêineres é de frango, produzidos pelas principais cooperativas agroindustriais do Oeste do Paraná e que seguem para o Porto de Paranaguá para exportação. A Cotriguaçu, que é cliente da Ferroeste, gerencia o escoamento ferroviário da produção das cooperativas C.Vale, Coopavel, Copacol e Lar.

Cerca de 2,5 mil contêineres com proteína animal são enviados por mês para Paranaguá, seja por trens ou caminhões. Em maio, chegamos a 40% da carga transportada pelo modal ferroviário, que tem um custo menor e garante mais economia no escoamento da produção, disse o superintendente da Cotriguaçu, Gilson Luiz Anizelli. A média, até o ano passado, era de cerca de 830 contêineres por mês, e agora ultrapassou as mil unidades, destaca.
De acordo com Graciele Santos, gerente Comercial da Brado Logística, que faz a gestão dos contratos de contêineres com as cooperativas, a ideia é ampliar o transporte de contêineres pela ferrovia. Crescer nesse modal está se tornando um projeto alcançável para as cooperativas. Esse novo recorde alcançado pela Ferroeste é um exemplo de que podemos concretizar nossa parceria para atingir esse objetivo, diz.


quarta-feira, 3 de junho de 2020

SETOR FERROVIÁRIO, O PRIMO POBRE DO SISTEMA VIÁRIO BRASILEIRO.



Li, com satisfação, no Informativo  da Associação de Engenheiros Ferroviários-AENFER (01-06-20),  que alguns senadores e deputados se dignaram a lançar um olhar efetivo para o setor ferroviário, o primo pobre do sistema viário brasileiro, sobre os desafios que lhe foram e são postos à frente, pelos governos passados e pelo atual, nesta ordem, trazendo à tona, que o transporte por sobre trilhos terá fôlego, registrando-se que, nesta fase da Covid-19 cresceu 27%, tendo-se em vista a preferência dos empreendedores por este modo.

Este olhar tardio  se reflete na constituição da Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura – FRENLOGI, com a fusão de diversas Frentes do gênero, criadas por várias Assembleias Legislativas, cujo mote é a fusão destas, para ações ativas e efetivas operacionais nacionais, daqui pra frente,  em nível nacional. Muitas das Frentes Estaduais, de forma  solo,  não  tiveram o êxito esperado, “no tempo e no espaço” (meu jargão). Espera-se que, unidas, terão maior poder de negociação junto ao governo federal, que precisa marcar sua presença neste importante ícone da economia do País.

A FRENLOGI surge em boa e oportuna hora, tendo-se em conta o criminoso abandono de trechos de linha desafios, com invasão de leitos e roubo do patrimônio ferroviário. Por esses ramais poderiam estar circulando trens de passageiros e de turismo, como no passado, efetivando-se, assim, a tão sonhada e esperada mobilidade urbana, que só se efetivará, com o modo ferroviário integrando o sistema viário.

Secundando à Frente Parlamentar Mineira, pela volta dos trens de passageiros aos trilhos, ALERJ constituiu  a Frente Parlamentar Fluminense, com igual objetivo, óbvio, que pugna, também por essa volta, dada a sua vocação turística, registrando-se que a primeira ferrovia que circulou Brasil, a partir de 30 de abril de 1854, foi no Estado do Rio, município de Magé, portanto, há 166 anos.

O deputado estadual  Welberth Rezende preside a Frente/RJ e tornou-se um  ferroviarista  emérito, diga-se de passagem. O engenheiro  Delmo Pinho, Secretário de Estado de Transportes tem sido um elemento de escol, atuando com  assessoria de ferroviários e ferroviaristas  competentes, no planejamento  de ações  e operacionalização  pragmáticas, a fim de que se chegue a volta dos trens de passageiros aos trilhos, o quanto antes. Sinto-me deveras gratificado, como ferroviário aposentado a  participar dessa Frente, que nunca deverá “dar as costas a essa nobre empreitada. 

A FRENLOGI, a partir de maio pp, se for bem articulada poderá “fazer o trem andar” (circular), desde que seus integrantes ponham mãos à obra, para que o atual governo do presidente Jair Bolsonaro acorde do sono continuado desde janeiro/19 e dê completeza ao modo ferroviário, na medida da grande necessidade de superação dos desafios, para a construção de novas ferrovias e a revitalização de trechos de linhas abandonados por estes Brasis afora.

No bojo dos trabalhos da FRENLOGI espera-se que o Projeto Pró-Brasil, proposta deste governo venha a se constituir na grande força para volta dos trens aos trilhos e que isto venha se a constituir grande alavanca para o surgimento de nova indústria de material ferroviário, que, com as já existentes abastecerão o modo, o primo pobre do sistema viário do País.

E volto a repercutir minha máxima: “O Brasil precisa de ferrovias como o sangue de oxigênio e a tarefa que pesa por sobre os ombros do governo, é construir ferrovias para o Brasil.”

À baila, enriquecendo a máxima, coloco o  pensamento  de Chico Xavier, aplicável à espécie, a juízo de cada leitor deste artigo, na completeza que se faz necessário, consubstancial aos objetivos da FRENLOGI e a possibilidade de se conquistar, no tempo e no espaço, o que o Brasil espera de cada um de nós outros, pós- pandemia:

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”

Conselheiro da Aenfer, Genésio Pereira dos Santos/Advogado/Jornalista/Escritor.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Exército assume papel de empreiteira e tem R$ 1 bi em obras sob Bolsonaro

O governo Jair Bolsonaro turbinou a contratação do Exército para tocar grandes obras. Os militares mantêm hoje uma carteira com R$ 1 bilhão de projetos em execução.

A maioria dos empreendimentos pertence ao Ministério da Infraestrutura. O Ministério do Desenvolvimento Regional também é um cliente dos militares.

Com o porte bilionário, o Departamento de Engenharia do Exército se consolida como uma das maiores empreiteiras na lista de fornecedores da União. Essa injeção de recursos leva a críticas de empresas privadas.

Sob Bolsonaro, corporação se consolida com contratos de R$ 1 bilhão com o governo.
De formação militar, o ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutra) iniciou a gestão com fotos da BR-163 (PA) em redes sociais informando que um batalhão do Exército faria o asfaltamento do último trecho da rodovia até Miritituba.

As obras da BR-163 ficaram empacadas por décadas. A conclusão desse trecho final viabilizaria o escoamento da safra de grãos do Centro-Oeste pelos portos do Norte, criando uma saída mais rápida para a exportação em relação aos tradicionais portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP). Em novembro passado, ele postou fotos de novo, agora com soldados no dia do término da missão.

Só com Tarcísio, a Infraestrutura fechou seis projetos com o Exército -parte do bolo bilionário vem de projetos de governos passados. Os novos contratos totalizam R$ 200 milhões.

Quatro deles se referem a obras de restauração, manutenção e outros serviços em quatro rodovias: BR-135 (MA), BR-110/316 (PE), BR-230 (PB) e BR-432 (RR).
Os outros dois foram repasses do ministério para a compra de equipamentos e veículos pelo Exército a serem usados na prestação dos serviços.

A Infraestrutura, em nota, afirmou que a parceria com o Exército se deve pela "experiência em regiões de difícil logística" na Amazônia. Segundo a pasta, são mobilizadas forças já disponíveis na região.

O Comando do Exército disse, também em nota, que a parceria "traz como ganhos adicionais para a sociedade o adestramento da tropa e a possibilidade de renovação da frota de equipamentos e viaturas das organizações militares, formação profissional de milhares de jovens durante o serviço militar obrigatório, capacitando-os a ingressar no mercado de trabalho".

Não só na Amazônia atua o Exército, porém.

Um sétimo projeto tratará da construção de um dos trechos da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). O contrato será assinado em dois meses. O valor estimado do novo projeto é de pelo menos R$ 100 milhões.

​O anúncio foi feito pelo próprio ministro durante uma vistoria ao local, há cerca de dez dias. "O Exército vem fazendo um trabalho extraordinário, como foi feito nas obras da BR-163 [no Pará], e agora vai participar das obras do trecho entre Bom Jesus da Lapa e São Desidério", disse Tarcísio.

Executado pela Valec, estatal ligada ao Ministério da Infraestrutura, o lote 6 da Fiol, na Bahia, será construído pelo 4º Batalhão de Engenharia de Construção, de Barreiras (BA), e pelo 2º Batalhão Ferroviário, de Araguari (MG).

Segundo o ministério, será a primeira vez que um batalhão ferroviário assumirá uma ferrovia desde a implementação da Ferroeste (Estrada de Ferro do Oeste), nos anos 1990.
A Fiol foi dividida em dois trechos. O primeiro deles ligará Caetité ao porto de Ilhéus, na Bahia. O segundo irá de Caetité até Barreiras, no interior do estado.

A ferrovia terá 485,4 km de extensão e prevê investimentos de R$ 2,7 bilhões. Hoje, 40% do traçado está concluído.

Segundo o ministério, a ferrovia reduzirá os custos de transporte de grãos, álcool e minérios para exportação e estimulará a ampliação da produção agroindustrial. Também permitirá a ligação do Tocantins, do Maranhão de Goiás e da Bahia aos portos de Ilhéus (BA) e Itaqui (MA).

Nos bastidores, construtoras privadas que já atendem o governo reclamam que o Exército está sendo beneficiado com os melhores projetos. Elas não quiseram falar por temer represálias.

O Exército nega. Segundo a corporação, a participação dos militares em obras de cooperação é muito pequena. "Não há, portanto, nenhum tipo de prejuízo ou concorrência com a iniciativa privada."

A Infraestrutura afirmou que 98% dos projetos foram repassados a empresas privadas. No entanto, as empresas dizem que há "intensa pulverização" no valor dos contratos.

De acordo com elas, os contratos firmados pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), responsável pela manutenção das rodovias federais que não foram concedidas à iniciativa privada, neste ano somam até o momento R$ 980 milhões -38% para obras e 62% para serviços.

Juntos, os cinco maiores fornecedores receberam R$ 251,8 milhões. São eles: Neovia Infraestrutura Rodoviária (R$ 66,8 milhões); Construtora Meirelles Mascarenhas (R$ 58,5 milhões); Pavia Brasil (R$ 53 milhões); Construtora Visor (R$ 42,7 milhões); e LCM Construtora e Comércio (R$ 30,8 milhões).

Segundo a Infraestrutura, o Dnit e Exército mantêm R$ 560 milhões em contratos para construção de vias e de aproximadamente R$ 230 milhões para manutenção.
"Esse montante em carteira de empreendimentos com o Exército não será desembolsado totalmente neste ano, mas se divide em contratos com previsão de até cinco anos de execução, mediante a existência do recurso."

No Ministério do Desenvolvimento Regional, há cinco empreendimentos com o Exército. Porém, todos foram contratados na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB). As obras e os pagamentos continuam em andamento.

TRENS: Transporte Rápido, Ecologicamente correto, Não poluente e Seguro

No dia 30 de abril estaremos comemorando os 168 anos de inauguração da primeira Ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro de Petrópolis da Impe...