E, de
fato, existe grande incerteza científica em relação ao COVID-19. Ainda não foi
identificada a sua origem. Presume-se que seja mais uma mutação viral
proveniente da produção agropecuária em larga escala. Aliás, nenhuma novidade,
pois a grande maioria dos vírus que afetaram a humanidade possuem a mesma
origem. Também não existe a identificação de nenhuma espécie resistente ao
vírus, o que abreviaria o caminho da produção de uma vacina. O certo é que
estamos diante de um vírus mutante (como a grande maioria), com características
distintas nas várias regiões por onde se espalhou e que com o tempo deve
produzir resistência nos pacientes e se tornar menos letal, como aconteceu com
o influenza. Até lá, teremos muitos doentes e mortes.
Outro
aspecto importante a ser destacado é a inexistência de um vetor de transmissão.
Logo, os fatores de contaminação não são ambientais, mas humanos. Não há
mosquito, rato, ou outras espécies que transmitam o vírus. Não é uma doença
bacteriológica, mas viral. Quem transmite a doença são humanos doentes, de
forma direta ou atmosférica por meio da "tosse" ou outra manifestação
de sintoma em ambientes fechados.
Dadas tais
características, a melhor medida administrativa a ser observada é a restrição
dos mecanismos de propagação do vírus, especialmente a circulação de pessoas.
Em outras palavras: a adoção de medidas de precaução. É por este motivo que
muitos países determinaram a suspensão de atividades públicas, como shows,
eventos esportivos, aulas e até o trabalho regular. Lotar ônibus, trens e metrô
com milhões de pessoas todos os dias é um convite à proliferação do vírus.
Quanto às
escolas, se crianças não se encontram no grupo de risco, elas transmitem
doenças para as pessoas que fazem parte deste grupo (idosos e portadores de doenças
crônicas). É possível falar na existência de uma "logística de
contaminação", sendo este o verdadeiro alvo das medidas de
controle/precaução.
Um fator
que agrava a situação no Brasil é exatamente o desmonte dos sistemas públicos
de previdência e de saúde pela insana política neoliberal pós-golpe (2016). Não
apenas a emenda constitucional nº 95, que deve retirar R$ 400 bilhões dos
serviços de saúde nos próximos anos, como a própria reforma da previdência que
impede a manutenção de um sistema de proteção social para os trabalhadores em
casa (medida esta adotada na Espanha e Portugal, por exemplo), são fatores
prejudicam as medidas de controle do vírus no Brasil, o que aumenta os
prejuízos sociais em larga escala. Mantida as atividades normais, sem nenhuma
medida de controle, a expectativa é que a proliferação do vírus dobre
diariamente, o que pode ocasionar centenas de mortes em poucos dias, como na
Itália.
Se o
Brasil entrar em situação de contaminação semelhante a deste país europeu, a
tendência é que o nosso sistema de saúde entre colapso, faltará, inclusive,
médicos, especialmente nas regiões mais distantes e com menor infraestrutura,
em razão do caos criado pela suspensão do programa mais médicos. Desta forma,
só aumentar a disponibilidade de UTIs não resolve. A cultura do tratamento da
doença pós contaminação deve resultar em nova tragédia social, pois mesmo em
países com melhores estruturas de saúde faltam kits para o teste da doença. O
melhor caminho é sempre evitar o dano, ou seja, a PRECAUÇÃO. É por esta razão
que o país deve parar!!!
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