segunda-feira, 6 de julho de 2020

A HORA DE PENSAR NO VELHO TREM


Ao longe se ouvia o apito do trem.
Com ele também chegava a alegria;
Na plataforma as pessoas se deslocavam,
Eram passageiros para embarcar,
Outros sorriam a esperar
Pelo que o esperado trem pudesse trazer:
Parentes, amigos, carga, correspondência.
Todo aquele agito não podia esconder,
O que mais importante havia: a esperança.
Quem partia, pensava em ir e voltar,
Quem chegava notícias trazia
E muitos retornavam para as saudades matar
Ou, para definitivamente ficar.
Que felicidade era o reencontro,
Quantos sorrisos, quantos abraços,
Sinceramente, as palavras pouco podem falar.

Essa era a rotina da velha estação,
A hora da chegada do trem,
Era um  horário em que o tempo não corria,
O mundo parecia parar,
Para que cada um pudesse sentir
O seu coração a palpitar,
A tristeza fugir,
Os sonhos a chegar.

Quantos encontros de amor,
Quantos futuros ali traçados,
A estação era como um jardim
De onde brotavam as sementes,
E de cada semente germinava uma flor.

Fizesse sol e chuva lá vinha o trem.
Seu apito marcava o tempo na cidade,
E tudo isso era romântico. 

Mas eis que chega o “progresso”.
Um bom número de estações fechadas,
Um sem número de quilômetros erradicados,
Por razões as mais diversas:
Econômicas, de traçado, de flexibilidade,
Pois o concorrente era mais “dinâmico”,
Não precisava de trilhos para circular,
Permitia o transporte individual,
Era mais fácil de construir,
Era isso, era aquilo,....
E aí então esqueceram do velho trem,
Acabaram com ramais,
Estações então se fecharam,
As poucas que sobreviveram,
Ficaram como simples reminiscência,
De um tempo que se foi,
Substituído sem complacência,
Por uma época que agora só quantifica,
O que dizem “gerar resultados”.

Hoje, tudo tem que demonstrar eficiência,
Mas para quem viveu o passado,
Tem plena consciência
De que a economia não é tudo,
E não basta querer tudo,
Pois o mais importante,
O que se busca no mundo,
Se denomina FELICIDADE,
E esta, felizmente, não se mede
Apenas por números e pela $$$ quantidade.


Maurício de Souza, após excelente palestra

de Américo Maia em 10 de janeiro de 2011,

no auditório da AENFER


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