quarta-feira, 19 de agosto de 2020

ESTATAIS, CURRAIS POLÍTICOS DE NOMEAÇÕES


Do patrimônio total   de  empresas  públicas  desestatizáveis  (privatizáveis), apenas 17% deverão diminuir o tamanho do Estado, proximamente, como resultado de más gestões do governo, desde o início do Brasil República com a criação de estatais, que se constituíram como verdadeiros currais políticos de nomeações, os chamados cabides de empregos.

A partir da década de 90, início da febre de privatizações propriamente ditas dentre as grandes estatais, a extinta Rede Ferroviária Federal S.A-RFFSA e a Estrada de Ferro Vale do  Rio Doce, do modo ferroviário, foram as principais no contexto de irresponsabilidade das autoridades, na forma de operacionalização em que se deu.

Economistas estudiosos do Observatório das Estatais avaliam que faltam estudos técnicos para definir a estratégia de privatizações no Brasil. A coisa ainda é muito incipiente, o que resulta em editais viciados e sem a completeza que privilegie o Estado, na condição de concedente.

Em meio a esta política de desestatização no País, o ingrediente ideológico predomina. Esta, efetivamente, não deverá ser a estratégia, sem um ciclo de debates exaustivo para a seara mais técnica, quando do envolvimento do patrimônio a ser privatizado.

O que mais se ouve e lê são manifestações de que, dentre algumas estatais estão na marca de pênalti, aparecem a Transurb e a CBTU, do mesmo modo, que poderiam ser fusionadas para não serem descontinuadas, a exemplo da RFFSA , fatiada em Malhas e a Vale, esta, pelo valor irrisório de arrematação foi doada.

Infelizmente, o tamanho do universo de empresas estatais da dimensão das pressões de indicações e nomeações políticas que grassam desde os tempos “imemoriais,” milhares delas de pessoas sem o menor cacoete técnico-administrativos, para bem e eficientemente gerenciá-las “no tempo e no espaço” (meu jargão), daí a sequência de fracassos e os consequentes danos ao erário público dilapidado, criminosamente.

Registam-se, ao longo dos anos, uma baita quantidade de aves de arribação ocupando cargos estratégicos nas estatais, muitas delas, políticos, militares, analfabetos em matéria de sistemas organizacionais em matéria da coisa pública. Hoje,  existem cerca de 500 mil funcionários na aba do chapéu do governo, nas estatais, mercê de dadivosas nomeações de cunho de benesses graciosas.

No setor de transporte ferroviário, dentro do sistema viário, constata-se que o Estado não tem recursos para fazer os investimentos em mobilidade urbana, tão necessária, principalmente, com o desarranjo causado pela Covid-19, pois, para colocar o trem nos trilhos vai exigir uma soma de anos.

Verifica-se que não há uma articulação técnica de recursos para somar-se e desenvolver-se sincronizadamente os modais de transportes, a fim de que, a  grande população trabalhadora  pobre venha a ser beneficiada, econômica e socialmente.

No contexto de companhias públicas criou-se EPL-  que tem a finalidade de planejamento de projetos de infraestrutura e logística, que nasceu para projetar o sonhado Trem Bala, que jamais saiu do papel e a Valec, com a competência de construir e gerir ferrovias, esta, bem mais antiga. Pelo confronto de competências e sem a “funcionalidade- fim” formam uma anomalia institucional; são como se fora irmãs siamesas.

Essas, somam-se a dezenas de outras estatais, que são currais para centenas de milhares de nomeações mais políticas do que técnicas e o Brasil que se dane de verve amarelo.

Genésio Pereira dos Santos: Associado da Aenfer/Advogado/Jornalista/Escritor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

TRENS: Transporte Rápido, Ecologicamente correto, Não poluente e Seguro

No dia 30 de abril estaremos comemorando os 168 anos de inauguração da primeira Ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro de Petrópolis da Impe...