1 INTRODUÇÃO
A crise pela qual a humanidade está a passar
é algo que deva ser fruto de profunda reflexão. Tempo para isso estamos a ter.
O fato de o mundo inteiro estar sendo afetado
pela pandemia acabou por gerar inúmeras pesquisas e estudos que se
desenvolveram por diversos países.
Duas foram as orientações científicas para
controlar o desenvolvimento da doença: o isolamento social e o uso da máscara.
Alguns países foram mais radicais na
determinação do cumprimento das normas de proteção, impondo castigos severos
aos infratores.
Infelizmente o Brasil, por circunstâncias as
mais diversas não seguiu tal protocolo e os resultados estão aí: um número
excessivo de contaminações e mortes, ou seja, mais de nove milhões de
contaminados e mais de duzentos e vinte mil mortes, na data de 10 de fevereiro
de 2021.
Os motivos que levaram a tal situação podem
ser sintetizados em:
a)- um de natureza sócioeconômica decorrente
do grande número de favelas, núcleos habitacionais sem qualidade, moradores de
rua, que não podem manter o isolamento social nas condições requeridas para
segurança;
b)- um de natureza política pela dissociação
de algumas autoridades com as diretrizes de natureza científica, criando até
diversidades entre o governo federal, estados e municípios;
c)-um de natureza populacional, ou seja, a
própria população (apenas uma parcela, mas muito ativa), que não acata as
diretrizes da ciência e não portam máscaras, não respeitam o distanciamento,
participam de eventos proibidos por aglomeração, etc. Sob este aspecto o Rio de
Janeiro lidera, como estão a mostrar as estatísticas: praias repletas de
banhistas sem máscara, quiosques cheios, calçadas com pessoas circulando
livremente. E isto vai do Leblon ao Leme, Urca, os bares da Lapa. Um amplo
contingente de pessoas!
d)-há também que se registrar o mau exemplo
dado nas comemorações dos eleitos para as prefeituras e eleições no Senado e
Câmara dos Deputados, onde as comemorações foram realizadas sem nenhuma atenção
para os requisitos ditados formalmente para controle da pandemia!
2 VISÃO HISTÓRICA
Epidemias sempre ocorrem. A história nos
relata. No Brasil constituem destaque as que ocorreram há mais de cem anos.
Devem ser citadas:
- FEBRE AMARELA
Dois grandes surtos ocorreram: um em 1850 e
posteriormente a mais conhecida, datada de 1889, atingindo fortemente a zona
cafeeira de São Paulo. A transmissão se efetuava através de mosquitos e não
entre pessoas. O combate a essa epidemia permitiu que se criasse no Brasil a
consciência da importância da medicina e da pesquisa científica nesse campo.
- VARÍOLA
Ocorreu durante a virada do século XX, nos
anos 1900. A transmissão se fazia entre pessoas. A Organização Mundial da Saúde
considerou tal doença extinta em 1977.
Como essa doença provocou um elevado número
de internações, houve uma grande crise no Rio de Janeiro, para mais que Oswaldo
Cruz no sentido de dar combate à epidemia ativou o uso da vacina, o que causou
uma imensa intensidade de protestos e brigas nas ruas, como a história bem nos
relata.
- GRIPE ESPANHOLA
Data de 1918, tendo como causa o vírus
influenza.
A transmissão tal e qual o coronavírus, se
transmitia de pessoa a pessoa.
No início as autoridades fizeram pouco caso e
não deram atenção aos alertas provenientes de Portugal. Não acreditavam que a
doença chegasse ao Brasil.
Mas eis que o destino é quem manda. Rodrigues
Alves que havia sido eleito presidente e tendo adquirido a doença, acabou por
falecer antes da posse!
Foi então que o sucessor Wenceslau Brás,
nomeou para o Ministério da Saúde, o grande Carlos Chagas, médico altamente
competente. Os resultados se mostraram de imediato.
A partir daí sucederam-se outras epidemias,
mas sem a gravidade das acima mencionadas. Foram surtos de peste bubônica e a
mais grave, recente foi a Zica, entre 2015 e 2017.
3 -A PANDEMIA ATUAL, A COVID-19
Aqui valerá destacar vários fatos que
distinguem a atual pandemia das que existiram anteriormente, mormente as de cem
anos atrás.
3.1 Populações e contextos
- a população mundial daquela época era de menos
de dois bilhões de pessoas contra um total atual de mais de sete bilhões: já o
Brasil tinha em 1900 uma população de dezessete milhões, trinta milhões em 1930
e hoje duzentos e doze milhões de pessoas.
3.2 Sistemas de transporte
- a circulação das pessoas entre os países,
com destaque para Europa, só era feita por navios. Internamente, no Brasil,
havia poucas rodovias e a movimentação entre as cidades era bem menos do que
atualmente.
É notório que atualmente a comunicação entre
os países se faz a um ritmo extremamente mais elevado, por aviões e com um
número excessivo de passageiros. Pode-se assim afirmar que o processo de
contaminação do coronavírus no Brasil se deu a partir se São Paulo, Rio e
Manaus que têm um elevado índice de contatos com o exterior, seja por negócios
ou turismo. O contacto com as pessoas oriundas de locais contaminados foi um
fator preponderante para a penetração do vírus.
Quanto à propagação da pandemia para as
demais regiões se deve à multiplicidade de conexões entre as cidades e dentro
das cidades, pelo transporte público e rodoviarismo.
3.2 O caso específico do Brasil
Como decorrência dos acontecimentos já
mencionados anteriormente eis que o Brasil atinge mais de nove milhões de
contaminados ( com falhas na contagem) e mais de duzentos e mil mortos
(12/02/2021).
É evidente que a configuração atual desta
pandemia é completamente diferente das anteriores e está a exigir um enfrentamento
extremamente harmonioso e integrado orientado por princípios regidos pela
ciência.
É
extremamente relevante que nosso país mantenha uma relação de bom
entendimento com todos os demais países. Conforme sabemos, a grande parte dos
insumos importantes no combate ao vírus vem do exterior.
3.3 O comportamento da população
É extremamente importante que a população
seja orientada e principalmente com exemplos oriundos das pessoas que atuam
como agentes de propagação dos bons costumes para o cumprimento das diretrizes
que visam o controle da propagação da doença. Que sejam estimulados a
procurarem se vacinar.
4) – Reflexões acerca do exposto
4.1) O coronavírus-19 teve uma origem. Parece
que ainda está sendo objeto de pesquisa. Teve origem na China, mas exatamente
como teria surgido constitui dúvida. Como sempre, não faltam hipóteses.
4.2) Pelo que o noticiário transmite existem
variações, algumas com maior tendência à contaminação.
4.3) Torna-se necessário que o nível de
vacinação atinja mais de 70 % da população para que a pandemia possa ser
considerada como estando sob controle. Daí a importância das pessoas se
conscientizarem da necessidade da vacinação.
4.4) Adicionalmente valeria a pena que
algumas dúvidas devessem ser objeto de análise e estudo.
4.4.1) Até que ponto o surgimento do vírus
tem a ver com o desequilíbrio ecológico que está a afetar a natureza, tais
como, a polução do ar, dos lagos, mares e oceanos, a falta de saneamento, as
queimadas das florestas, uso excessivo de pesticidas para proteção à produção
agrícola, enfim inúmeros outros fatores nocivos ao meio ambiente.
4.4.2) Quem poderá garantir que uma outra
pandemia não possa ocorrer, até com mais intensidade, como por exemplo. A
contaminação se dar através do ar ?
4.4.3) Como tornar possível diminuir a
desigualdade econômica e social, sem que se acresçam os danos ecológicos?
Afinal de contas, à medida que as populações de menor poder aquisitivo ascendem
(e isto é um princípio humanitário inquestionável), é certo que se tornará mais
necessário ampliar substancialmente o consumo de alimentos e bens materiais, o
que demandará consumo de mais energia e insumos geradores de poluição...que
irão afetar ainda mais a ecologia.
4.4.4) Torna-se assim supra necessário que
este tema seja objeto de profundos estudos e diretrizes sociais e políticas
para que a humanidade possa no futuro que se aproxima, enfrentar os desafios
que irão surgir.
Autor: engenheiro Maurício Fernandes Gomes de Souza
Rio de Janeiro 14/fevereiro/2021
Infelizmente, o ser humano precisa ainda passar por muitas dores e perdas.
ResponderExcluirO texto do Maurício nos leva a
uma profunda reflexão