O grande problema de
mobilidade vivenciada nos municípios e nas regiões metropolitanas é reflexo da
elevada taxa de urbanização das cidades brasileiras, cada vez mais densas e
interligadas, aliado à falta de um planejamento integrado de transportes, que estruture
os fluxos, bem como a insistente dependência de sistemas de transporte baseados
em combustíveis fósseis. Projeções indicam que o adensamento urbano só irá
aumentar nas próximas décadas, o que serve de alerta para a tomada de decisões
neste momento.
Para atender a demanda
populacional nos municípios e regiões metropolitanas é necessária a adoção de
um modelo estruturante de transporte, com alta capacidade de atendimento, e
integrado aos demais modos, com modicidade tarifária. Cabe ao transporte sobre trilhos
o papel de ocupar os corredores onde há maior demanda dos usuários por
locomoção e aos demais meios a função de alimentar esse corredor estruturante
sobre trilhos. Desta forma, os sistemas se complementam sem sobreposição de
linhas, racionalizando a gestão, os custos e os modos de deslocamentos, o que
gera perspectivas de redução do custo da tarifa para os cidadãos e dos
subsídios públicos ao transporte coletivo de uma maneira geral.
Os sistemas
estruturantes reúnem as condições ideais para que a gestão pública estabeleça
uma agenda voltada à promoção de uma maior qualidade de vida aos cidadãos,
principalmente por reduzir sensivelmente o tempo gasto por eles nos
deslocamentos; por integrar os segmentos econômicos; por facilitar o
desenvolvimento de inovações e a aplicação de novas tecnologias que facilitem a
vida dos cidadãos (como o acesso aos serviços públicos essenciais, ao trabalho,
ao lazer), entre outros benefícios, que, juntos, proporcionam um cenário
favorável à caracterização de uma ‘cidade inteligente’ (smart city), que os
municípios brasileiros poderiam passar a vivenciar em um futuro não muito
distante.
Transporte é um direito
previsto na Constituição brasileira e é necessário estender ao maior número de
brasileiros os mesmos direitos por um transporte coletivo com todos os
condicionantes de modernidade, agilidade, segurança, conforto, economia e
emissões ecologicamente alinhadas às boas práticas. Atualmente, o transporte
metroferroviário está presente em apenas 13 regiões metropolitanas, de um total
de 63 de médio e grande porte. Expandir esse direito aos cidadãos é o que a
Política Nacional de Mobilidade Urbana busca resgatar e deve ter atenção total
por parte dos gestores públicos.
Dado o atual estágio de
desenvolvimento do Brasil, não se pode mais pensar em transporte urbano de
forma isolada. Os grandes centros estão evoluindo muito rápido e a população
está cada vez maior. É preciso que os governantes tomem decisões para evitar o
colapso iminente da mobilidade nas metrópoles. Para preencher essa lacuna
de atendimento à população é essencial ter planejamento, investimento e gestão
em prol do desenvolvimento da mobilidade urbana.
A ANPTrilhos atua na
discussão nacional pela construção de uma política de transporte de alta
capacidade, que seja abraçada nas três esferas da administração pública, em
prol do desenvolvimento urbano das cidades, individualmente, e também
considerando sua inserção em todas as regiões metropolitanas. É sob esta ótica
que a ANPTrilhos e seus operadores entendem que o passageiro passará a ser,
efetivamente, a figura central dos sistemas de mobilidade pública nos
municípios e nas respectivas regiões metropolitanas.
Autor: Joubert Fortes Flores Filho é Presidente do Conselho Administrativo da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) e Senior Advisor do MetrôRio.
Certamente será uma palestra extremamente útil. Fui grande amigo do saudoso Joubert Flores, seu pai.Será uma honra participar da palestra.
ResponderExcluirMauricio F.G. de Souza
Aguardamos por sua presença, Sr. Maurício
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