quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Violência gera prejuízo ao transporte público do RJ no 1º semestre

As concessionárias e empresas responsáveis pelo transporte público no RJ perderam, desde o começo do ano, R$ 6,9 milhões com roubos, furtos, depredações e tiroteios nos sistemas operacionais.
O G1 tabulou a conta da insegurança e entrevistou passageiros – os que mais sofrem com os atrasos e as avarias. Representantes dos meios de transporte que circulam na Região Metropolitana também foram ouvidos.
Vandalismo nos trens
No transporte ferroviário, os principais problemas são o roubo de cabos e os tiroteios, que impactam na pontualidade do serviço.
De acordo com a Supervia, de janeiro a junho foram 47 casos de furtos de cabos. Isso representa um prejuízo de R$ 2,7 milhões. Ao longo de todo o ano passado, a perda foi de R$ 6 milhões apenas com a reposição desse item.

Para-brisa de trem da Supervia atingido por pedra — Foto: Divulgação/ Supervia

Segundo João Gouveia, diretor de Operações da Supervia, o protocolo exige que, depois de cada furto, a liberação da via não pode ser baseada no sistema eletrônico. Em vez disso, é preciso que alguém com um rádio no local avalie o dano e autorize a volta da circulação.
“Quando você furta um cabo, você impacta essa sinalização. De uma estação para outra, se ele furtou o cabo ali, eu tenho que fazer o ‘licenciamento’ [liberação] via rádio. Nós temos 102 estações. Dependendo do horário, o transtorno é muito grande”, explicou Gouveia.
Os locais identificados como os mais críticos em casos envolvendo o furto de cabos são os bairros Triagem, Madureira, São Cristóvão e Corte Oito, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Em caso de furto, os funcionários da concessionária são orientados a chamar o GPFer, o Grupamento de Polícia Ferroviária da Polícia Militar.
Somando esse prejuízo às perdas causadas pela reposição de para-brisas atingidos por pedras, escadas rolantes e elevadores danificados, a despesa foi de R$ 10 milhões em 2018.
Este ano, os casos de depredação de escadas rolantes e elevadores aumentaram. Foram 20 elevadores e 20 escadas rolantes danificados no primeiro semestre. No mesmo período do ano passado, foram 16 elevadores e 6 escadas rolantes.
Também de janeiro a junho, foram 39 para-brisas atingidos por pedras, 24 pichações ou grafitagens e 107 casos de janelas e visores de porta dos trens arrancados durante as viagens.
Tiroteios na linha férrea
Os tiroteios também geram prejuízo. Desde o começo do ano, foram 41 interrupções na circulação nas 102 estações dos cinco ramais.

Trem da SuperVia - Foto: Soares - ViaTrolebus

De acordo com um levantamento da concessionária, foram 43 horas e 40 minutos com operação alterada, 270% a mais do que no mesmo período do ano passado, quando foram registradas 10 paradas por causa de confrontos.
“Às vezes tem tiroteio em Manguinhos e você fica uma hora aí. Eu venho todos os dias cuidar da minha mãe, que tem Alzheimer, e às vezes eu chego atrasada para levá-la ao médico”, explicou Maria Aparecida Ferreira, que mora em Olaria.
A conferente Telma Angélica, que costuma usar o sistema, confirma os transtornos. “Se a gente tem um compromisso e não chega naquele horário, desanda tudo”, desabafou.
O diretor de operações da Supervia detalha o problema. “Seja por questão da força policial adentrando nas comunidades, ou entre as comunidades, nós não podemos circular com os trens numa situação dessa por questão de segurança”, ressaltou Gouveia.
A maioria das interrupções por causa de tiroteios ocorreu nas proximidades da Estação Manguinhos, do Ramal Saracuruna. Foram 18 alterações.
Em seguida estão as regiões do Jacarezinho, do Ramal Belford Roxo, e de Senador Camará, no Ramal Santa Cruz, com cinco interrupções cada.
Quando ocorre um tiroteio na região da linha férrea, a liberação de circulação, que é automatizada, também enfrenta lentidão. O procedimento é feito por rádio por operadores que estão na Central e entram em contato com cada um dos condutores a cada semáforo.
A confirmação de circulação é feita duas vezes em cada uma destas paradas para ter certeza de que o condutor compreendeu a mensagem corretamente.
Segundo cálculos da Supervia, 174 mil passageiros foram impactados apenas pela violência causada por tiroteios, gerando uma perda de R$ 200 mil. O prejuízo também leva em consideração os passageiros que deixaram de usar o sistema e reembolsos.
Metrô
O Metrô Rio não apresentou dados específicos sobre o valor gasto e os principais danos do primeiro semestre do ano, mas destacou que os gastos com a reposição de cabos furtados nos anos de 2018 e 2019 foi de cerca de R$ 140 mil.


Metrô do RJ/ Divulgação (Metrô)

VLT
O VLT Carioca afirmou que o vandalismo teve pouco ou nenhum impacto na circulação ao longo de três anos. Os principais casos se referem a pichações e adesivos colados em paradas e composições durante manifestações no Centro.


“Na Linha 3, por conta de estar parada aguardando autorização de operação da prefeitura, a concessionária já teve casos de furtos de cabos e controladores de sinalização semafórica, com prejuízo acumulado na casa de R$ 80 mil”, destacou o VLT, em nota.


Fonte: G1 Rio, 31/07/2019







2 comentários:

  1. Infelizmente o Rio de Janeiro vem se caracterizando pela violência. Torna-se necessário uma ação mais direta em relação à proteção de quem circula pelas ruas.

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